PRAIA DO FUTURO, NO CEARÁ, CONCENTRA 90% DO TRÁFEGO INTERNACIONAL DE INTERNET NO BRASIL

Por Redação 21/06/2025 18:15 • Atualizado 21/06/2025
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Localizada em Fortaleza, a Praia do Futuro é hoje o principal ponto de entrada e saída de dados da internet no Brasil. O local abriga 16 cabos submarinos de fibra óptica — o maior número da América Latina — que conectam o país a continentes como Europa, África, América do Norte e Caribe, concentrando cerca de 90% do tráfego internacional de internet que chega ou sai do território brasileiro.

Embora a popularização do 5G e da computação em nuvem sugiram um cenário cada vez mais sem fio, a estrutura que sustenta a internet global ainda depende majoritariamente de uma vasta rede de cabos. No mundo, cerca de 600 cabos submarinos funcionam como “rodovias” de dados, transportando informações entre data centers espalhados pelos continentes.

Segundo Antonio Moreiras, gerente de projetos do NIC.br, Fortaleza se destaca por fatores estratégicos, como sua localização geográfica — próxima à Europa, África e aos Estados Unidos —, estabilidade do leito oceânico e disponibilidade de terrenos para infraestrutura tecnológica. Além disso, o estado do Ceará é referência nacional na produção de energia renovável, outro atrativo para empresas de tecnologia.

A capital cearense já ultrapassou o Rio de Janeiro em volume de tráfego digital, ficando atrás apenas de São Paulo. Dados do NIC.br indicam que seis data centers de alto nível de segurança operam atualmente na cidade. A reportagem da BBC News Brasil visitou o centro da Angola Cables, localizado a 850 metros da orla, com 3 mil m² e equipamentos que operam sob controle rigoroso de temperatura e segurança.

Além disso, três novos centros estão em construção, com investimentos previstos de R$ 2,1 bilhões. Um megaprojeto de R$ 50 bilhões também está planejado para a região do porto do Pecém, que poderá abrigar um dos maiores data centers do país — com possível participação da chinesa ByteDance, dona do TikTok.

Os cabos submarinos têm vida útil de até 25 anos, mas são suscetíveis a falhas técnicas e até sabotagens. Em caso de problemas, reparos podem ser realizados por mergulhadores ou robôs especializados, dependendo da profundidade. O tema tem ganhado relevância geopolítica, com casos recentes de danos suspeitos em cabos no Mar Báltico.

Apesar do risco, o impacto de uma falha em Fortaleza seria mitigado pelo fato de que cerca de 70% a 80% do tráfego de internet no Brasil é interno, segundo o NIC.br. O restante, como atualizações de plataformas de streaming internacionais, poderia ser afetado temporariamente.

Foto: Getty Images via BBC

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