Uma iniciativa inovadora desenvolvida no Tocantins tem chamado a atenção pela união entre saberes tradicionais e pesquisa científica. A estudante de enfermagem Giovanna Evelin Conceição Lima, do câmpus da Unitins de Augustinópolis, no Bico do Papagaio, criou um creme hidratante à base de óleo de buriti voltado para a pele de idosos e pessoas com diabetes.
O projeto, que conta com orientação da professora doutora Lunalva Sallet e colaboração da farmacêutica Márcia Guelma (Unisulma – MA), está sendo desenvolvido dentro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti).
A proposta surgiu a partir do uso do óleo de buriti pela família da estudante e da percepção de seus benefícios para a pele sensível. “A gente teve essa ideia juntas, de criar esse creme para oferecer uma solução eficaz, mas ao mesmo tempo acessível, com um recurso natural da nossa região”, explicou Giovanna.
O creme foi formulado em duas versões: uma com óleo artesanal adquirido de comerciantes locais de Praia Norte (TO) e outra com óleo comercial comprado pela internet. Análises físico-químicas demonstraram que o óleo artesanal possui maior concentração de carotenoides e fitocomplexos, com alto potencial de regeneração tecidual.
Rico em vitamina E, pró-vitamina A, ácidos graxos e betacaroteno, o óleo de buriti apresentou ação antioxidante e hidratante intensa — características essenciais para peles sensíveis, como as de idosos e diabéticos.
Apesar dos avanços, o projeto ainda está em fase de testes sensoriais, como cor, odor, textura e espalhabilidade. A formulação ainda não foi aplicada diretamente em pessoas, pois requer aprovação prévia para testes com o público-alvo. A equipe busca agora o registro de patente do fitocosmético, para garantir a proteção intelectual da fórmula.
Entre os desafios enfrentados estão o custo elevado e a logística na aquisição dos insumos, devido à distância geográfica. Superadas essas barreiras, o grupo vislumbra a continuidade do projeto com testes em campo e, futuramente, a possibilidade de comercialização.
“O buriti é um símbolo do Cerrado, e transformar esse recurso em uma solução para problemas reais reforça o papel da enfermagem e da pesquisa em promover saúde inclusiva. Valorizar a produção artesanal também fortalece as comunidades locais”, destacou a professora Lunalva.
Para Giovanna, o projeto é motivo de orgulho. “Esse óleo sempre foi usado na minha família para cuidar da pele e das feridas, e agora ver tudo isso transformado em ciência é uma grande conquista. Saber que pode ajudar outras pessoas me enche de alegria”, concluiu.

Giovanna Evelin entre as prefessoras Lunalva Sallet (à esq.) e Márcia Guelma (à dir.) — Foto: Lunalva Sallet/Arquivo Pessoal