DE ALIADOS A INIMIGOS: COMO EUA E IRÃ ROMPERAM UMA ALIANÇA HISTÓRICA

Por Redação 26/06/2025 17:16 • Atualizado Há 4 dias
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A guerra entre Israel e Irã, que durou doze dias, chegou ao fim após um cessar-fogo imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cerca de 48 horas depois de ordenar bombardeios contra instalações nucleares iranianas. O conflito, que reacendeu tensões no Oriente Médio, evidenciou o distanciamento entre Washington e Teerã — duas nações que, em décadas passadas, já estiveram aliadas.

Fornecido por Deutsche Welle © Vahid Salemi/AP/picture alliance

O atual cenário é marcado por sanções, acusações de terrorismo e ameaças nucleares. No entanto, a relação entre os países começou de forma bem diferente. Durante o século XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, os EUA exerceram influência decisiva no Irã, inclusive intervindo diretamente em sua política interna.

Em 1953, os EUA e o Reino Unido patrocinaram um golpe de Estado que depôs o primeiro-ministro democraticamente eleito Mohammad Mossadegh, após ele nacionalizar a indústria petrolífera iraniana, antes controlada pelos britânicos. Com a queda de Mossadegh, o xá Mohammad Reza Pahlavi retornou ao poder com o apoio do Ocidente, instaurando um regime autoritário, mas alinhado aos interesses americanos.

Durante os anos 1960 e 1970, o Irã foi um dos principais aliados dos EUA no Oriente Médio, recebendo apoio militar e tecnológico, inclusive para o desenvolvimento de um programa nuclear civil. Essa parceria, no entanto, começou a ruir em 1979, com a Revolução Islâmica, que depôs o xá e instaurou uma república teocrática liderada pelo aiatolá Khomeini.

Primeiro premiê iraniano eleito democraticamente, Mohammad Mossadegh sofreu duas tentativas de golpe, foi preso e morreu em 1967 em casa, sob vigilância do Savak, o serviço secreto do xá Pahlevi

A ruptura definitiva veio ainda em 1979, quando estudantes iranianos tomaram a embaixada americana em Teerã e fizeram 52 reféns por 444 dias. Desde então, os EUA cortaram relações diplomáticas com o Irã e passaram a classificar o país como um dos principais patrocinadores do terrorismo.

Nos anos 1980, os Estados Unidos apoiaram o Iraque na guerra contra o Irã, enquanto Teerã ajudava a consolidar grupos como o Hezbollah. A partir da década de 2000, os dois países alternaram momentos de tensão e breve distensão, como a aproximação durante o governo de Mohammad Khatami e o acordo nuclear de 2015. No entanto, com a saída dos EUA do tratado em 2018, sob a gestão Trump, as tensões voltaram a escalar.

A recente ofensiva israelense, com apoio dos EUA, reacendeu temores sobre o futuro do programa nuclear iraniano e a estabilidade regional. Embora a extensão dos danos ainda seja incerta, especialistas apontam que a relação entre Washington e Teerã está em seu ponto mais crítico desde a Revolução Islâmica.

O presidente dos EUA George W. Bush declarou a guerra ao Iraque encerrada em 1º de maio de 2003; vácuo de poder deixado no país seria explorado pelo Irã

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