Um estudo recente revelou uma realidade preocupante para a paleontologia: atualmente, há mais fósseis cientificamente valiosos de Tyrannosaurus rex em mãos de super-ricos do que em museus públicos. A constatação foi feita pelo paleontólogo Thomas Carr, diretor do Instituto de Paleontologia de Carthage, nos Estados Unidos, e publicada na revista Palaeontologia Electronica.
Carr identificou 132 fósseis de T. rex classificados como “cientificamente informativos”, como crânios, esqueletos completos e ossos importantes. Destes, 71 estão em propriedades privadas — incluindo 14 exemplares juvenis —, enquanto apenas 61 fazem parte de acervos públicos acessíveis à pesquisa e educação.
Essa tendência vem sendo impulsionada pelo mercado de leilões de luxo, que comercializa fósseis por valores milionários, como o recente caso de um estegossauro vendido por mais de US$ 44 milhões. Segundo Carr, o maior problema está na escassez de fósseis de T. rex em estágios iniciais de crescimento — peças essenciais para entender o desenvolvimento da espécie e seu comportamento ao longo da vida.
Embora alguns colecionadores emprestem os fósseis temporariamente a museus, apenas 11% dos espécimes comercializados acabam em domínio público. Além disso, empresas privadas vêm descobrindo fósseis em ritmo duas vezes maior que os museus, o que aumenta o desequilíbrio de acesso à informação científica.
O estudo levanta um alerta sobre a necessidade de regulamentação mais rigorosa no comércio de fósseis e reforça a importância da preservação do patrimônio paleontológico como bem coletivo, essencial para o avanço do conhecimento científico.
