‘NÃO QUERO QUE TEERÃ VIRE GAZA’: IRANIANOS REAGEM COM MEDO A ATAQUES DE ISRAEL

Por Redação 17/06/2025 18:00 • Atualizado 17/06/2025
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Teerã vive dias de tensão, medo e incerteza após os ataques realizados por Israel contra o território iraniano na madrugada da última sexta-feira (13). O cenário na capital é de longas filas em postos de gasolina, padarias e estradas, com moradores tentando deixar a cidade. O clima é de pânico, ansiedade e confusão entre a população, que vê o país mergulhar em um novo patamar de instabilidade.

Jovens iranianos, como a estudante de música de 21 anos identificada como Donya, relatam o trauma. “Não dormimos há noites. Meu pai diz que é mais honroso morrer em casa do que fugir”, declarou. Ela disse ainda temer que sua “bela Teerã se transforme em Gaza”, referindo-se à destruição causada por anos de conflito entre Israel e o Hamas.

Outro depoimento, dado ao serviço persa da BBC, veio de uma mulher que inicialmente sentiu “estranha empolgação” ao ver autoridades militares iranianas sendo atingidas, mas cuja euforia rapidamente deu lugar ao desespero ao saber da morte de civis. “Comecei a me preparar para morrer. A tristeza virou raiva”, afirmou.

Segundo o governo do Irã, mais de 220 pessoas foram mortas desde sexta-feira, muitas delas mulheres e crianças. Do lado israelense, pelo menos 24 pessoas morreram em decorrência de mísseis disparados pelo Irã. Ao contrário de Israel, o Irã não dispõe de sistemas de alerta ou abrigos antiaéreos, o que eleva o risco para a população.

O governo iraniano recomendou que os moradores busquem abrigo em mesquitas e estações de metrô. No entanto, a população relata explosões repentinas, ataques de drones e até atentados com carros-bomba na capital. O sentimento de insegurança é generalizado, inclusive entre partidários do regime, que agora questionam a eficácia das defesas do país.

“A situação se parece com as primeiras horas depois que o Titanic atingiu o iceberg. Algumas pessoas estavam fugindo, outras continuavam dançando”, relatou uma jovem iraniana.

A ofensiva também dividiu a população. Parte comemora as perdas do regime, enquanto outra condena os ataques estrangeiros. “A maioria dos iranianos, mesmo os que se opõem ao governo, perceberam que liberdade e direitos humanos não vêm de bombas caindo em cidades cheias de civis indefesos”, afirmou uma moradora de Teerã.

A ativista da diáspora iraniana Dorreh Khatibi-Hill, residente no Reino Unido, também comentou a tragédia. “É devastador. Estamos vendo civis morrerem enquanto o regime continua intacto. Ninguém quer que o Irã vire outro Iraque ou Síria. Não queremos guerra, mas também não queremos esse regime”, concluiu.

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