As recentes medidas protecionistas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão provocando forte instabilidade nos mercados internacionais, especialmente no que diz respeito à confiança no dólar e nos títulos do Tesouro americano — os tradicionais Treasuries.
Desde sua volta ao comando da Casa Branca, Trump vem implementando uma política comercial agressiva e isolacionista, que já inclui uma série de tarifas “recíprocas” a diversos parceiros comerciais. O resultado imediato tem sido a oscilação no valor do dólar e o aumento no rendimento dos títulos americanos — o que indica que os Estados Unidos estão tendo que pagar mais para atrair investidores, reflexo direto de uma perda de confiança global.
Especialistas em economia apontam que esse movimento pode ameaçar o pilar central da força econômica dos EUA no cenário mundial: a hegemonia do dólar. O professor Vinícius Rodrigues Vieira, da FAAP, afirma que Trump está “abalando aquilo que ainda é o principal pilar da força americana no mundo: a força do dólar”.
Os títulos do Tesouro dos EUA, considerados um dos investimentos mais seguros do planeta, passaram a ser vendidos por investidores após os anúncios de Trump. A percepção é de que o sistema internacional, historicamente ancorado na estabilidade da economia americana desde os Acordos de Bretton Woods, está sendo testado.
O professor José Kobori, sócio da JK Global Partners, alerta que essa postura do governo americano tem levado países e investidores a buscar alternativas ao dólar. Apesar disso, ele reconhece que uma eventual substituição da moeda ainda está distante: “Essa hegemonia não cai da noite para o dia, mas sim, está sendo desgastada.”
Mesmo com a recente desvalorização da moeda norte-americana, a maioria dos analistas afirma que o dólar continuará dominante por falta de uma alternativa viável, uma vez que o euro, o iene e o yuan ainda estão longe de ter a mesma robustez, credibilidade e alcance global da moeda dos EUA.
Portanto, embora não haja risco iminente de colapso, o cenário atual serve de alerta para o futuro do sistema financeiro global. A confiança na moeda mais poderosa do mundo, segundo os analistas, está sendo colocada à prova como nunca desde o pós-guerra.
