O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), voltou a se manifestar nesta segunda-feira (30) sobre a derrubada dos decretos do governo Lula que aumentavam a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Em vídeo publicado nas redes sociais, o parlamentar negou ter traído o Palácio do Planalto e classificou a acusação como “fake”.
“Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa, não é leal, é cúmplice”, disse Motta, afirmando que alertou previamente o governo sobre a dificuldade de aprovação da matéria no Congresso. Segundo ele, a decisão de pautar a proposta reflete a insatisfação do Parlamento com o aumento da carga tributária.
A votação ocorreu de forma relâmpago no dia 25 de junho. Pouco antes da meia-noite do dia anterior, Motta anunciou que a Câmara analisaria a proposta. No dia seguinte, tanto a Câmara quanto o Senado aprovaram a derrubada dos três decretos do Executivo, em uma derrota considerada histórica para o governo Lula.
Na Câmara, foram 383 votos a favor da revogação e 98 contrários — sendo 242 votos vindos de partidos que integram a base aliada do governo. No Senado, a votação foi simbólica, sem registro nominal.
Motta reafirmou sua independência política e disse que não se submete a projetos pessoais. “Presidente de qualquer Poder não pode servir a um partido, tem que servir ao seu país”, afirmou.
O deputado também criticou a tentativa de politização da pauta e rebateu o discurso de polarização. “Quem alimenta o nós contra eles, acaba governando contra todos”, declarou. “Se uma ideia for ruim para o Brasil, eu vou morder. Mas, se for boa, eu vou assoprar”, completou.
Nos bastidores, parlamentares atribuem o endurecimento da Câmara a pressões de setores econômicos, insatisfação com o Ministério da Fazenda e atrasos na liberação de emendas parlamentares. Revezes políticos e decisões recentes do STF também estariam influenciando a tensão entre Legislativo e Executivo.
AGU analisa decisão do Congresso
O presidente Lula pediu à Advocacia-Geral da União (AGU) que avalie se a decisão do Congresso Nacional fere a autonomia do Executivo. A informação foi confirmada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à GloboNews. Caso a AGU considere que houve usurpação de prerrogativas, o governo poderá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Ele [Lula] jurou cumprir a Constituição Federal. Se entender que houve violação, não poderá abrir mão de suas atribuições”, afirmou Haddad.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), durante a ordem do dia da sessão plenária da quarta-feira, 25 de junho de 2025, que chamou à pauta o PDL (projeto de decreto legislativo) que susta os efeitos dos decretos do governo Lula que aumentam o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Por 383 votos a 98, o plenário da Câmara aprovou na noite da quarta, 25, o projeto de decreto do governo que elevava o IOF. — Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo