O uso de um sensor de glicose pelo filho da cantora Marília Mendonça, Léo Dias Mendonça Huff, de 5 anos, reacendeu o debate sobre o acesso a tecnologias de monitoramento da glicemia no Brasil. O pai, o cantor Murilo Huff, trouxe o aparelho dos Estados Unidos, o que gerou dúvidas sobre a disponibilidade desses dispositivos no país. Entretanto, especialistas garantem que há modelos aprovados e comercializados no Brasil, inclusive para uso pediátrico.
Os sensores de glicose — conhecidos como CGMs (Continuous Glucose Monitors) — permitem o monitoramento contínuo da glicose sem a necessidade de múltiplas picadas nos dedos. No Brasil, os modelos mais comuns, como o FreeStyle Libre (Abbott), são autorizados pela Anvisa para crianças a partir de 4 anos, com duração de até 14 dias por sensor. O custo de cada unidade varia entre R$ 250 e R$ 330, e é recomendado o uso de dois por mês.
A diabetes tipo 1 é mais comum em crianças e adolescentes e requer controle rigoroso da glicemia. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o uso de sensores é indicado para todos os pacientes com diabetes tipo 1, especialmente aqueles que apresentam episódios graves de hipoglicemia, hipoglicemia noturna ou dificuldade de controle com tratamentos convencionais.
Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não ofereça os CGMs de forma ampla, há projetos de lei em tramitação no Congresso que buscam garantir o acesso gratuito a essa tecnologia para pacientes com prescrição médica. Atualmente, o acesso é possível principalmente por meio de ações judiciais ou programas locais.
Além do FreeStyle Libre, outros modelos como o Enlite Medtronic também são aprovados no Brasil. Dispositivos como Dexcom e Eversense, populares em outros países, ainda não têm aprovação no território nacional.
A endocrinologista Joana Dantas, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), destaca que o uso dos CGMs reduz internações por complicações como cetoacidose, melhora o controle da glicose a longo prazo (HbA1c) e contribui para a qualidade de vida do paciente e da família.
O emocional pode sim influenciar a manifestação da diabetes tipo 1 em pessoas geneticamente suscetíveis. Eventos traumáticos, como perdas familiares, são apontados como gatilhos que aceleram a destruição autoimune do pâncreas, embora não sejam a causa da doença.
Hoje, cerca de 15,7 milhões de brasileiros convivem com a diabetes, sendo que muitos ainda não têm acesso ao diagnóstico precoce nem às ferramentas adequadas de controle.
